Fernando Castilho
Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.
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Folha e Estadão antecipam a nova ordem que começa a surgir?, por Fernando Castilho

Os jornalões estão acompanhando o crescimento da extrema-direita e do fascismo no mundo e já começam a ensaiar uma espécie de pacto

Imagem: Stefani Reynolds/AFP; Antonio Augusto/SCO/STF)

Folha e Estadão antecipam a nova ordem que começa a surgir?

por Fernando Castilho

Domingo a Folha e o Estadão, numa ação, ao que parece, combinada, decidiram partir pra cima do ministro Alexandre de Moraes.

A Folha foi mais fundo acusando o ministro de censor das redes sociais, porque, segundo ela, ele se antecipa às publicações de certas pessoas e as bane.

Ocorre que tudo o que Moraes tem feito está rigorosamente dentro, tanto da Constituição, quanto do Código Penal Brasileiro. Ora, se um Allan dos Santos usa as redes para disseminar mentiras e propagar golpes de estado, o que deveria então ser feito? Deixá-lo à vontade até que ele forme uma massa de seguidores capazes de cometer crimes violentos? Ou Moraes também deveria ter deixado livre, leves e soltos gente do naipe de Daniel Silveira e Roberto Jefferson que fizeram ameaças explícitas a ele e ao STF?

Os jornalões estão acompanhando o crescimento da extrema-direita e do fascismo no mundo e, amedrontados, já começam a ensaiar uma espécie de pacto velado: vejam, nós, jornalões, publicamos editoriais criticando aqueles que são obstáculos para vocês, portanto pedimos, rogamos, que nos poupem quando tomarem o mundo.

Essa mídia, bem pouco antes da eleição de 2022, percebeu o risco que corria, caso Bolsonaro fosse reeleito porque havia um plano de permanência no poder por décadas num regime caracterizado por uma teocracia. Sabemos bem o ódio que o ex-presidente e seus filhos nutrem pela imprensa. Por isso, naqueles últimos dias, decidiu combater o monstro que a devoraria.

Ainda no começo de 2023, devido à tentativa de golpe, nossa gloriosa imprensa se manteve dentro do pacto pela democracia, mas neste início de 2024, já ensaia a volta ao que sempre foi, ou seja, oposição a um governo democrático que pretende reduzir a desigualdade no país, tentando afagar o monstro.

Foi só Elon Musk cantar o canto da sereia e todos, bolsonaristas e grande mídia, se encantarem. “Nossa! O Elon Musk acusou o Xandão de censor! Ele é o segundo homem mais rico do mundo, portanto, ele deve ter razão! Vamos nos juntar a ele!

E quando escrevo “vamos nos juntar a ele”, me vem a cabeça a desconfiança de que não tem almoço grátis. Um bilionário como Musk pode tranquilamente dispor de muito vultuosas para que grandes jornais falem sua língua.

O golpe começa a tomar proporções mundiais com vários países europeus aos poucos aderindo ao renascimento do fascismo.

Não devemos subestimar Dudu Bananinha e suas excursões fracassadas pelo mundo tentando emplacar a tese de que há uma ditadura no Brasil. Pode ser risível, mas, sabemos que uma mentira contada mil vezes se torna verdade. E há quem esteja disposto a ouvir essa gente.

Sabemos, pela história, que, se essa onda fascista mundial conseguir arregimentar certa força, nossa grande imprensa será, como em outras ocasiões, a primeira a aderir.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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Fernando Castilho

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

2 Comentários

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  1. O problema dessa lógica é ter no ex secretário de segurança de SP, que sabemos como chegou no STF, pois caiu nas graças do golpista Temer (uns dizem que foi por serviços prestados quando do roubo e/ou invasão do celular da então primeira-dama), como herói antifascista…

    Ou pior, que seja o STF, justamente a casa do “STF com tudo” contra Dilma, a residência do nosso herói.

    Não tenho dúvida que a nova ordem mundial prescinda da farsa anterior encenada como “democracia”, na verdade, mero controle da luta de classes com viés “representativo”, embora a proporção de representatividade e poder nunca fosse favorável à maioria, de fato.

    O que nos espera é sombrio, mas eu tenho uma certeza: não serão Alexandres, nem o Poder Judiciário que nos redimirão.

    E não, nem tudo que ele tem feito está dentro dos rigores da CRFB.

    Será que teremos que optar entre monstros e monstros para nossa salvação?

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